quarta-feira, 7 de outubro de 2009

[ Meu Doce Demônio ] Capítulo I

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- Capítulo I -


Depois do ocorrido, eu passei o dia inteiro dentro de casa. Talvez estivesse amedrontada, ou simplesmente ainda estava muito perplexa para poder racionar. Minhas amigas ficaram o dia todo comigo, na minha casa, só conversando sobre coisas triviais, para passar o tempo. Não ousei citar o que havia acontecido.

No dia seguinte, como eu tinha aula, continuei com a minha rotina normal. Acordei, me arrumei, tomei meu café da manhã normalmente e fui para a escola. No caminho, eu tentei prestar o máximo de atenção possível nas coisas ao meu redor, para poder me prevenir de outro inconveniente como o do dia anterior.

Não foi difícil concluir, depois de certo tempo, que aquele dia ia ser apenas, mais um dia comum. Ainda bem, pensei.

Cheguei à escola e me dirigi até minha sala, junto com a massa de alunos que seguia o mesmo trajeto. Encontrei minhas amigas durante o percurso e, juntas, fomos até nossa sala.

- Sakura, você ainda não nos contou o que aconteceu ontem. – uma de minhas amigas, Hinata, começou, timidamente.

- A Hinata tem razão. Você evitou o assunto o dia todo. Nós não perguntamos nada ontem porque você não parecia bem – Ino reforçou.

Passei alguns segundos sem responder, tentando raciocinar o que responder. Não sabia se respondia a verdade ou se inventava algo para que não me perguntassem mais sobre isso. Provavelmente elas não acreditassem na história real, mas sempre fui péssima com mentiras.

- Eu só me senti indisposta por um momento e acabei parando pra descansar – optei por mentir.

Ambas me olharam descrentes, mas preferiram não me forçar a falar nada. Acho que perceberam meu desconforto com o assunto e deixaram que eu tivesse meu tempo para contar. Isso foi bom, pelo menos poderia me preparar psicologicamente para receber as críticas e palavras preocupadas com minha insanidade sem tamanho. Não posso reclamar, afinal, tenho certeza de que, na situação delas, eu agiria da mesma forma.

...


No término das aulas eu aproveitei para ir com a Ino e a Hinata até o aquário no centro da cidade. Nada como distrair a cabeça depois de um dia tão cansativo quanto aquele. Iríamos de metrô até lá, assim chegaríamos mais rápido, e direto na entrada do aquário.

Estava mais animada com o passeio que faríamos, afinal, não é sempre que eu posso ir até tão longe. Eu sempre gostei muito de animais, e aquele aquário era simplesmente lindo.

Andamos apressadas até a parte do aquário que cobria todo o teto e paredes. Aquele era o melhor lugar para ver os peixes. Ficamos ali algum tempo, sentadas nos bancos distribuídos ao longo do caminho, assim como algumas outras pessoas.

- É tão estranho vir aqui durante semana – Ino comentou, sem nos olhar – Nos finais de semana pelo menos vemos algumas crianças e famílias. Mas durante a semana só vemos casais e poucos grupos de amigos. Perceberam que só nós estamos em um grupo só de meninas?

Era verdade, ali havia muitos casais. Aliás, para qualquer lugar que você olhasse tinha alguém de mãos dadas. Eu sentia tanta inveja deles. Eu nunca cheguei a namorar, acho que sempre repelia as pessoas que conhecia por ter asma. Quem iria querer alguém com problemas de respiração para namorar?

- Você não pode reclamar muito, Ino. – Hinata começou, sorrindo – Até mês passado você ainda namorava.

- Pois é, mês passado. – Ino frisou – E você também, né Hinata? Agora o Naruto vive te cercando.

Eu e Ino olhamos para Hinata, com sorrisos divertidos. Pude ver a Hinata ficar muito vermelha na região das maçãs do rosto. Acabou de se denunciar. Rimos com o embaraço de Hinata. Era tão bom ficar assim, tranqüila e sem preocupações.

Contemplamos a visão do aquário por mais algum tempo e passamos a andar pelo resto do aquário. Era um lugar grande, e a variedade de peixes era tamanha que com certeza não conseguimos ver todos.

Ficamos até tarde no aquário, e na volta paramos em um Mangá Café para comer algum lanche e depois irmos para casa. Passamos mais um bom tempo no Mangá Café, conversando sobre besteiras e coisas da escola, enquanto as três comiam um generoso pedaço de bolo de chocolate com morango e tomando chocolate quente como acompanhamento.

Ríamos e fazíamos piadinha com quase tudo o que nos vinha à cabeça. Eu estava realmente pasma com a facilidade que minhas amigas tinham de me fazer esquecer o que me atormentava.

- Ei, Sakura, quando você pretende começar a namorar? – Ino perguntou curiosa. Incrível como ela só pensava nessas coisas...

- Não sei – dei de ombros, sem dar muita importância.

- Ah, fala sério, Sakura! Vai dizer que não pensa em namorar ainda?

- Não é que eu não queira, o problema é que não consigo – confessei um pouco desapontada comigo mesma.

- Ah, se for por isso, nós podemos marcar um Goukon (encontro) com alguém que você ache interessante, só como uma tentativa. O que acha? – olhei-a descrente. Eu não consigo fazer isso. Acho que ela percebeu minha expressão e acrescentou – Ok, deixa pra lá. Depois eu faço a oferta de novo. – sorriu.

Eu não ousaria contrariá-la. Quando ela colocava alguma coisa na cabeça, nada tiraria sua determinação para realizar o que pensa. Fazer o que? Já a conhecia há algum tempo, era de se esperar isso.

Continuamos conversando sobre outras coisas menos importantes, mas minha cabeça estava longe. Eu pensava sempre em namorar, mas essa tarefa parecia tão difícil pra mim. Depois de tanto tempo, minha auto-estima só piorou. Eu fico pensando sempre se eu sou tão feia a ponto de não valer a pena arriscar namorar comigo, mesmo com a asma.

Lógico que minhas amigas vivem dizendo que sou linda, que tenho que melhorar minha auto-estima, mas elas são verdadeiramente suspeitas. Que amiga, em sã consciência diria na cara dura que você é feia e sem graça? Seja isso verdade ou não, eu nunca vou descobrir a resposta por elas, ou por meus pais.

O pior de tudo é que, mesmo não parecendo, eu sou aquela menina sensível, que adora ler shoujos (romances) e sonha com o príncipe encantado – apesar da minha atual situação não chegar nem perto disso. Eu vivo mais uma história de terror que uma de romance.

- Sakura! - Ino gritou, tentando me fazer voltar a prestar atenção – Nossa, o que aconteceu? Você de repente parou de falar e não nos escutou mais!

Juntei ambas as mãos em frente ao rosto, em pedido de desculpas, rindo desconcertada. Ela odiava quando eu fazia essas coisas. Pois é, a Ino é uma pessoa enérgica demais pra compreender os devaneios alheios. Só a Hinata me entende nesse ponto. Fazer o que...

...


Quando saímos do Mangá Café já deviam passar das seis horas. As ruas já eram iluminadas pelas luzes artificiais dos postes e um número consideravelmente grande de pessoas circulava pelas ruas, em direção de suas casas. Nós faríamos o mesmo.

Enquanto caminhávamos por entre as ruas movimentadas, víamos uma loja ou outra com algum utensílio ou roupa que atraia nossa atenção e parávamos para vê-los, o que atrasou um pouco mais nossa volta.

Eu não esperava que fosse demorar tanto pra voltar para casa, tanto que nem havia trazido um casaco mais quente. Ino e Hinata pareciam bem, mas eu estava a um passo de começar a tremer de tanto frio. Não as incomodei com meu desconforto, continuei andando, abraçando a mim mesma, no intuito de diminuir um pouco o frio.

Estava tão preocupada em me manter aquecida que acabei me distraindo e me perdendo das duas. Olhei em volta e só via uma multidão de pessoas indo de um lado para o outro, apressadas. Tentei ficar na ponta dos pés, mas eram pessoas demais. Andei um pouco à frente e parei em frente a uma viela quase sem iluminação. Ali estava mais calmo, apesar de ainda haver movimento.

Olhei novamente ao meu redor, tentando achá-las, mas algo interrompeu minha busca. Um som estranho que vinha das minhas costas. Virei por puro reflexo, e ao fundo da viela pude distinguir um novo par de olhos amarelados, que se escondia nas sombras.

Meu coração falhou uma batida. Eu não sabia o que fazer.

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